domingo, 8 de abril de 2012

Soneto 27

A fadiga, da dura lida, para a cama me apressa,
Querido repouso para o corpo viajado:
Mas na minha cabeça uma jornada começa
Dá trabalho à mente, quando o do corpo está finado:

Pois meus pensamentos - de mim longínquos -
Zelosa peregrinação até vós intentam,
E as pálpebras abrem dos meus olhos fenecidos
Fitando a escuridão que os cegos avistam:

salvo a minha alma, pois sua visão imaginária
apresenta vossa sombra à minha vista cega
Que, como jóia que pende em noite ciméria
Faz da negra noite bela, e nova a sua face velha.

Oh! De dia o corpo, de noite a mente, é assim
descanso não existe, nem para vós nem para mim.

Nenhum comentário:

Postar um comentário