quarta-feira, 18 de abril de 2012
segunda-feira, 16 de abril de 2012
Trails, de Richard Simas
sexta-feira, 13 de abril de 2012
Preparação para o exercício escrito de avaliação
Entretanto, não esqueçam de treinar a mão no comentário do seguinte excerto, http://translatingpoetry.blogspot.pt/2012/04/excerto-do-ensaio-de-lefevere-why-waste.html
Discussão dos Trabalhos Individuais
quinta-feira, 12 de abril de 2012
Esnestina, a mulher do sapateiro
“Tens os olhos dele”, dizia-me ela,
e virava-se para a minha velha tia “Esses são
os olhos que eu vi!” E voltava a contar
como São Francisco a agarrou no bosque
quando ela era uma rapariga. Dominic,
o seu marido, não ficava nunca quieto
quando ela falava disso, levantava-se devagar
da cadeira Morris e ia até lá fora,
pelas filas de couve e milho
até ao celeiro, aos seus martelos e formas.
“Deixou-me o coração sem fôlego,”
disse ela, os dedos encarquilhados no peito.
“Não foi como tu pensas. Ele era uma força,
um animal. E a chuva desabou, e agarrou-me ali,
o vestido colando-se, revelando o meu corpo.”
Quando eu queria escapar
e sentar-me entre as hervas de cheiro intenso
no jardim, elas largavam-me
e continuavam a falar por trás das cortinas
que inspiravam e expiravam no ar moroso,
e rezavam o rosário juntas,
sussurrando os Mistérios. “Não a irrites,
dizia a minha mãe. “É uma bruxa
e pode deitar-te mau olhado.”
“Essa conversa é tolice”, dizia a tia.
Sempre que saíamos, ela agarrava-me
pelos braços e inclinava-se – “Não te esqueças,
o que ela conta foi apenas um sonho!”
Mas lembro-me de Dominic martelar como um sino,
e de ela dizer que até as húmidas árvores tremiam.
Frank Gaspar
quarta-feira, 11 de abril de 2012
Excerto do ensaio de Lefevere, "Why Waste our Time on Rewrites?"
Façam favor de comentar utilizando a caixa de comentários.
terça-feira, 10 de abril de 2012
Proposta de tradução de "Seeing Things" e "A Shooting Script" de Seamus Heaney

COISAS QUE SE VÊEM
II
Claritas. Palavra em Latim de olhos secos.
Perfeita para a pedra esculpida pela água
Onde Jesus se ergue de joelhos enxutos
E João Baptista derrama mais água
Sobre a sua cabeça, debaixo da luz do sol
Na fachada da catedral. Linhas
Duras e finas e sinuosas representam
O rio que flui. Lá em baixo entre as linhas
Pequenos peixes bizarros em frenesim. Nada mais.
E ainda assim, naquela visibilidade absoluta
O que é invisível dá vida à pedra:
Elódea, grãos de areia agitados com pressa de fugir,
Até a corrente sem sombra, sombria.
Toda a tarde, o calor hesitou nos degraus
Assim como o ar que se levantou até aos nossos olhos, hesitou
Tal como a própria vida, um hieróglifo em zigue-zague.
GUIÃO
Eles fogem daquilo que poderá ter sido
Em direcção ao que nunca será, num plano fixo
Professores de bicicleta, a saudar falantes nativos,
Percorrem os anos dezanove e vinte como se fossem o futuro
Saem pelo final da lente enquanto pedalam
Sem chegar a lado algum e sem fugir
"Linguagem seguida" por um mix de fúcsia
Uma sequência longa, silenciosa. Pan e fade.
Vozes sobrepostas, em diferentes irlandeses.
Discutem trabalhos de tradução e preço por linha;
Como marcos do século dezanove nas orlas do relvado
Ocorrência de nomes como R.M.Ballantyne.
Grande plano de um botão com olhos de gato
Afasto o plano da capa de uma sotaina.
Biretta, colarinho de clérigo, Maçã de Adão
Pausa na sua face em branco. Que os créditos corram.
E quando tudo parece estar terminado-
Planos no encalço de uma longa onda praia fora
Que rebenta na ponta de uma vara que escreve e escreve
Palavras no antigo guião na areia que corre.
Proposta de Tradução de um poema de Seamus Heaney
Proposta de tradução do Soneto 27, William Shakespeare
Despedida
Senhora da blusa de folhos
E saia axadrezada,
Desde que deixou a casa
O vazio tem ferido
todo o pensamento. Consigo
O tempo passava bem, ancorado
Num sorriso; mas a ausência
Abalou o equilíbrio do amor, desamarrou
Os dias. Eles resistiam e vergaram-se
Ao calendário
Desencontrados do calmo som
Da sua afável voz de flor.
Preciso de dar à costa;
Fostes embora, estou no mar.
Até reassumir o comando
Estou amotinado.
Seamus Heaney
segunda-feira, 9 de abril de 2012
Tentativa de Tradução de "Sonnet 127", de William Shakespeare
Proposta de tradução do Soneto 27 de William Shakespeare
domingo, 8 de abril de 2012
As letras de ferro em relevo,
aquelas palavras timbradas em arco
na velha caldeira no quarto de banho,
The Holyoke,
são os primeiros símbolos que alguma vez desvendei
o meu tio-avô dizendo-me os seus sons,
fazendo esticar o e no The
tal como o assobio de uma chaleira.
A caldeira não funcionava.
aqueciamos a água no fogão
numa tina de cobre, nada de especial,
mas um facto a que me apego
tal como me apego à qualidade da luz
que parecia sempre derramada
sobre o apertado passeio ao longo da casa,
um cinza invernal, gelo antigo, brasa de carvão,
a película sobre o olho do meu tio-avô.
Quando o meu tio-avô morreu
a sua pensão deixou de chegar.
Esses foram os tempos negros.
Pouco depois fiquei curioso.
Abri a porta arqueada
da velha caldeira
e fitei uma serpentina em espiral
engrossada pelo pó.
Passei o lá o dia
no chão do quarto de banho,
medindo o caminho até ao coração da coisa,
revirando tubos,
remexendo peças com um velho cabide.
Quando acabei, enchi a garrafa de petróleo
e acendi o pavio
Descia o crepúsculo, e aquela luz rasa
pendia na janela quadrada.
Quando abri a torneira, caiu água,
Staccato, castanha, quente como carne.
Um Guião
Eles fogem do que quer que se tenha passado
Em direção ao que nunca se passará, num plano fixo
Professores de bicicleta, saudando falantes nativos,
Percorrendo os anos vinte como se fossem o futuro.
Saíndo pelo final da lente ainda pedalando,
Sem chegar a lado algum e sem fugir
Mix para fúcsia "seguindo a linguagem."
Uma sequencia longa, sem som. Panorâmica e fade.
Vozes off, em diferentes irlandeses,
Discutindo trabalhos de tradução e preço por linha;
Como marcos miliários do século dezanove nas orlas dos relvados
Ocorrencia de nomes como R.M. Ballantyne.
Grande plano de um botão de furos
Zoom out para a capa de uma sotaina,
Biretta, Colarinho branco, Maçã de Adão.
Freeze na sua face apática. Passar os créditos.
E quando tudo parece estar terminado-
Travelling seguindo uma longa onda praia fora
Que rebenta na ponta de um pau que escreve e escreve
Palavras no antigo guião na areia que corre.
Querido repouso para o corpo viajado:
Mas na minha cabeça uma jornada começa
Dá trabalho à mente, quando o do corpo está finado:
Pois meus pensamentos - de mim longínquos -
Zelosa peregrinação até vós intentam,
E as pálpebras abrem dos meus olhos fenecidos
Fitando a escuridão que os cegos avistam:
salvo a minha alma, pois sua visão imaginária
apresenta vossa sombra à minha vista cega
Que, como jóia que pende em noite ciméria
Faz da negra noite bela, e nova a sua face velha.
Oh! De dia o corpo, de noite a mente, é assim
descanso não existe, nem para vós nem para mim.