“The Holyoke”
As letras de ferro em relevo,
duas palavras timbradas em arco
na velha caldeira no quarto de banho,
The Holyoke,
são os primeiros símbolos que alguma vez desvendei
o meu tio-avô dizendo-me os seus sons,
expirando um longo "e" no The
tal como o assobio de uma chaleira.
A caldeira não funcionava.
aqueciamos a água no fogão
numa tina de cobre, nada de especial,
mas um facto a que me apego
tal como me apego à qualidade da luz
que parecia sempre derramada
sobre o apertado passeio ao longo da casa,
um cinza invernal, gelo antigo, brasa de carvão,
a película sobre o olho do meu tio-avô.
Quando o meu tio-avô morreu
a sua pensão deixou de chegar.
Esses foram os tempos negros.
Pouco depois fiquei curioso.
Abri a porta arqueada
da velha caldeira
e fitei uma serpentina em espiral
inchada de poeira
Passei o lá o dia
no chão do quarto de banho,
medindo o caminho até ao coração da coisa,
revirando tubos,
remexendo peças com um velho cabide.
Quando acabei, enchi a garrafa de petróleo
e acendi o pavio
Descia o crepúsculo, e rasa luz
pendia na janela quadrada.
Quando abri a torneira, caiu água,
Staccato, castanha, quente como carne.
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