segunda-feira, 27 de junho de 2011

Cristo no Mundo Material


Contemplem a Sua cabeça, ensanguentada, tombada
para o lado, o Seu flanco também sangrento,
o golpe de lança pintado como uma cuidadosa fenda
também, conforme as escrituras, vertendo
água, o Seu corpo esculpido - sombras
das velas votivas pairam sobre ele,
a luz banhando-O no pálido
verde cinza da morte. Os Seus pés cravados
com um único prego, o fio de sangue
ali brilha numa gota polida e, quando
O olhávamos a partir do altar,
nunca era nos olhos, visto Ele os desviar,
uma genialidade no toque do artesão,
desviar o Seu olhar para uma distância interna,
murcho, vazio e fora de alcance,
não a cara de Deus, não
a que nos foi dada por Êxodos, Reis,
Daniel, Marcos, Apocalipse - qualquer fogo
extinto, todas as paixões branqueadas, todas
excepto as do criador anónimo,
alguém que alimentou os apetites da criação
na desfeita curva do corpo,
a coroa da ruína absoluta.

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