"Esperança" é a coisa com penas
Que se empoleira na almaE canta um som sem palavras
E nunca, mas nunca, pára,
E mais doce é ouvido no vendaval;
E dura precisa ser a tempestade
Que poderia desanimar o passarinho
Que mantém aquecidos a tantos.
Já o ouvi nas terras mais geladas
E nos mares mais estranhos,
Entretanto nunca, mesmo no desespero,
Ele pediu uma migalha a mim.
Tradução de Luiz Felipe Coelho
A esperança é coisa com plumas
Que pousa na alma,
Entoa melodias sem palavras,
E não se detém por nada,
Ressoando ainda mais doce no vendaval.
Agitada há de ser a tormenta
Capaz de abater o pequeno pássaro
Que mantém aquecidos a muitos.
Tenho-o escutado na terra mais gélida
E no mais estranho mar;
Mas jamais, mesmo no infortúnio,
Arriscou-se a pedir-me uma só migalha.
trad. J. A. Rodrigues
A "Esperança" é a coisa com penas—
Que na alma se empoleira—
E canta uma cantiga sem palavras—
E nunca pára— a vida inteira—
E mais doce— na Tormenta— a ouvimos—
E precisava o vento ser sandeu—
Para afligir a Avezinha
Que a tantos aqueceu—
Ouvi-a na mais fria terra—
E no mais estranho mar—
Mas nem no Cabo mais Extreme
Me veio uma côdea esmolar.
(Trad. Margarida Vale de Gato)